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A exposição coletiva Provas Materiais, patente no Museu de Serralves, apresenta um conjunto de trabalhos da artista Nour Mobarak, destacando-se Locus/Lacuna (2025), uma instalação composta por uma composição sonora que acompanha um grande tapete de 7 x 7 m, tecido manualmente em Beiriz, Portugal, seguindo o seu desenho e as suas indicações. No catálogo que acompanha a exposição, ficamos a saber que esta instalação evoca uma memória pessoal da artista, nomeadamente uma ida, tinha ela quinze anos, a um antigo cinema transformado em igreja evangélica. O objetivo passava por curar o seu pai de uma doença neurológica, que a tia que a levou à sessão religiosa acreditava ser obra de Satanás. Lê-se ainda que "O locus visual dessa memória é o assento de pelúcia em tom vermelho que se vislumbra ao centro do grande tapete que preenche o chão da sala e que convida o visitante a percorrer esta área, descobrindo o som que se revela à medida que se desloca, oriundo de colunas isoladas de áudio direcionado. Estas faixas separadas reproduzem variações da mesma memória, difundindo assim as lacunas. Ao tornar pública uma memória pessoal, a gravação que ouvimos, que passou por vários processos de manipulação, tornou-se para a artista um exercício de controlo e desapego. [...] A intervenção de Mobarak no processo de mediação demonstra como manipulamos constantemente as nossas memórias, conscientemente ou inconscientemente." Segundo Philippe Vergne, o comissário de Provas Materiais, este trabalho "[...] baseia-se numa camada de transformações materiais que envolvem memórias familiares, uma experiência religiosa, a localização específica de uma sala de cinema, a pintura de uma cadeira de cinema e o livro de Frances A. Yates, The Art of Memory, bem como a metodologia grega de construção de memória, que consiste na associação mental de lugares e imagens."
Em O Museu como Performance, a artista ativará esta instalação de nove altifalantes hiperdirecionais, através de uma performance em que usa a sua voz, manipulada, parapara questionar a posição, tanto subjetiva quanto física, do espectador em uma composição sonora e na recontagem de uma memória. Também os espectadores, convidados a sentarem-se no grande tapete e impedidos de aceder à totalidade dos sons difundidos, terão de fazer um trabalho de associação entre aquilo que ouvem e as lacunas que vão preenchendo, num processo que é, afinal, o funcionamento da arte da memória.
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A exposição coletiva Provas Materiais, patente no Museu de Serralves, apresenta um conjunto de trabalhos da artista Nour Mobarak, destacando-se Locus/Lacuna (2025), uma instalação composta por uma composição sonora que acompanha um grande tapete de 7 x 7 m, tecido manualmente em Beiriz, Portugal, seguindo o seu desenho e as suas indicações. No catálogo que acompanha a exposição, ficamos a saber que esta instalação evoca uma memória pessoal da artista, nomeadamente uma ida, tinha ela quinze anos, a um antigo cinema transformado em igreja evangélica. O objetivo passava por curar o seu pai de uma doença neurológica, que a tia que a levou à sessão religiosa acreditava ser obra de Satanás. Lê-se ainda que "O locus visual dessa memória é o assento de pelúcia em tom vermelho que se vislumbra ao centro do grande tapete que preenche o chão da sala e que convida o visitante a percorrer esta área, descobrindo o som que se revela à medida que se desloca, oriundo de colunas isoladas de áudio direcionado. Estas faixas separadas reproduzem variações da mesma memória, difundindo assim as lacunas. Ao tornar pública uma memória pessoal, a gravação que ouvimos, que passou por vários processos de manipulação, tornou-se para a artista um exercício de controlo e desapego. [...] A intervenção de Mobarak no processo de mediação demonstra como manipulamos constantemente as nossas memórias, conscientemente ou inconscientemente." Segundo Philippe Vergne, o comissário de Provas Materiais, este trabalho "[...] baseia-se numa camada de transformações materiais que envolvem memórias familiares, uma experiência religiosa, a localização específica de uma sala de cinema, a pintura de uma cadeira de cinema e o livro de Frances A. Yates, The Art of Memory, bem como a metodologia grega de construção de memória, que consiste na associação mental de lugares e imagens."
Em O Museu como Performance, a artista ativará esta instalação de nove altifalantes hiperdirecionais, através de uma performance em que usa a sua voz, manipulada, parapara questionar a posição, tanto subjetiva quanto física, do espectador em uma composição sonora e na recontagem de uma memória. Também os espectadores, convidados a sentarem-se no grande tapete e impedidos de aceder à totalidade dos sons difundidos, terão de fazer um trabalho de associação entre aquilo que ouvem e as lacunas que vão preenchendo, num processo que é, afinal, o funcionamento da arte da memória.
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