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RAMPA casts ot a probe at the city and the world
Between artistic practice and critical thinking
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“SONDA - Prospeção de Práticas no Cruzamento entre Arte, Política, Conhecimento e Ecologia” é o tema do programa expositivo deste ano da galeria portuense RAMPA. O conceito “sonda” encerra em si a ideia de exploração, de escavação, de atravessar superfícies para alcançar o invisível, o profundo, o distante. É esse o objetivo desta associação cultural que quer provocar pensamento crítico.

É no armazém K da Rua Particular de Justino Teixeira, em Campanhã, que damos com o novo espaço da RAMPA. No final de fevereiro a galeria portuense reabriu ali, depois de ter saído do Pátio do Bolhão. Somos recebidos por três dos doze membros da associação cultural, criada em 2018, que gere este espaço: Susana Gaudêncio, artista, curadora, professora e investigadora; Vera Carmo, cofundadora da RAMPA, curadora, produtora cultural e investigadora; e Nuno Coelho, artista, designer, professor, investigador e curador.


“Todos os dias temos gente a visitar-nos”, conta Vera, que adianta que a exposição Desnaturadas, que terminou em abril, e de que é curadora, recebeu mais de três centenas de visitantes. “No outro espaço não tínhamos uma frequência diária como a que estamos a ter aqui.” Nuno confessa que “sentia um bocadinho esse medo de saírem de uma posição bastante central e virem para uma zona mais afastada”, mas acabou por resultar.  “O outro espaço era uma cave; este espaço, por termos janelas com luz natural, é mais flexível; podemos pôr o blackout e ter escuridão, mas também podemos ter luz natural, e em termos de área, é maior”, acrescenta o artista e curador.

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Da exposição Desnaturadas © Renato Cruz Santos

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De Areia e Sal, de Mariana Vilanova, em Desnaturadas © Renato Cruz Santos

A RAMPA foi impulsionada pelo artista plástico Nuno de Campos, “que quando vem de Nova Iorque decide criar uma associação cultural”, conta Susana. “O Nuno tinha uma prática artística e não quis perder a ligação às artes visuais ao vir para aqui”, acrescenta Vera.


“Pesquisar e encontrar pontes entre o Porto e o mundo” é uma das missões deste espaço, que pretende, através da sua programação, “divulgar criadores locais”. “Queremos proporcionar uma condição de produção e de exibição de obra que depois possa passar o artista para um circuito galerístico ou museológico”, afirma Vera, salientando que “uma das intenções deste espaço é dar visibilidade a jovens artistas do Porto”. Foi precisamente o que aconteceu na exposição coletiva Desnaturadas, que inaugurou a nova morada.


Na RAMPA, a programação é decidida “em coletivo”. Todos os membros fazem sugestões de artistas e também de curadores “exteriores” porque se quer “evitar que a programação seja 100% endémica”, adianta Susana. “Tentamos cumprir a ‘regra’ de que ninguém pode fazer curadoria dois anos seguidos. Fazemos um intervalo; eu fiz a curadoria desta exposição [Desnaturadas] agora, em 2025, e só voltarei a fazer em 2027”, exemplifica Vera. “É para não serem sempre os mesmos a fazer a própria curadoria e é, também, para darmos espaço a curadores convidados que, idealmente, venham até do estrangeiro”, acrescenta.

Nuno Coelho frisa que a programação anual apresenta sempre um tema “guarda-chuva”: “não olhamos para as exposições de uma maneira avulsa; tentamos que todas as exposições, no mesmo ano civil, tenham um tema [abrangente]”. Há, portanto, a preocupação de trabalhar “numa macroescala”, ou seja, “de olhar para o conjunto das exposições, e que elas, de alguma forma, se interrelacionem entre si”.


Neste sentido, Susana atalha que o tema deste ano, em que a exposição Desnaturadas se inscreve, é a SONDA, “como instrumento de prospeção planetária e extra-planetária”. A curadora aponta “três linhas temáticas específicas ligadas à sonda” para desenhar o programa de exposições da RAMPA: “uma mais ligada à arte, à política e à ecologia; outra ligada aos sistemas pedagógicos e à forma como se prospeta conhecimento; e outra linha mais ligada a questões decoloniais e interseccionais”.

A par do programa de exposições, este espaço apresenta, pela primeira vez, um programa público que compreende dois workshops e uma assembleia pública, que vai decorrer no auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, e em que vão participar nomes como Pascal Gielen, Patrícia Esquete, Aysha Hameed e Maria Hlavajova.

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Nuno Coelho, Susana Gaudêncio e Vera Carmo © Renato Cruz Santos

As atividades da RAMPA para este ano compreendem, ainda, um ciclo de performances, de 27 a 29 de junho, numa parceria com a Contemporânea, com curadoria de Alexandra Balona, e com foco no oceano Atlântico, acolhendo propostas de artistas nacionais e internacionais que serão apresentadas no espaço em Campanhã e na Galeria de Biodiversidade, bem como uma vertente de serviço educativo.


No âmbito do serviço educativo, estão a decorrer visitas orientadas, conversas e workshops com a comunidade estudantil através de parcerias com a Junta de Freguesia do Bonfim, a Academia Contemporânea do Espetáculo e a Escola Artística Árvore, e ainda através do projeto CERCAR-TE, nos bairros do Cerco e do Lagarteiro, atividades, estas, que se articulam com o programa expositivo da RAMPA.


“Na altura em que propusemos este programa, ainda não sabíamos que iríamos estar em Campanhã; tentámos criar relações com aquilo que nos era mais ou menos próximo, e dentro daquilo que são as nossas relações de trabalho”, refere Susana, frisando que “num futuro próximo, fará todo o sentido” estabelecer parcerias com espaços vizinhos.

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Inauguração da exposição Palestine Here and There © Andreia Merca

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Inauguração da exposição Palestine Here and There © Andreia Merca

Quanto ao programa expositivo, para ver, até 14 de junho, há a exposição Palestine Here and There, da artista palestiniana Ahlam Shibli, que convidou cinco fotógrafos palestinianos a apresentarem o seu trabalho, nomeadamente Aref Massalha, Fatma Hassona (que faleceu a meados de abril na sequência de um ataque aéreo israelita), Mohamed Harb, Monter Jawabreh e Rehaf Al Batniji, e que tem curadoria de Paula Pinto.


Até ao final do ano, a RAMPA vai expor mais duas mostras: Ager vem antes da cultura, de Susana Soares Pinto, “uma artista do Porto não tão jovem, mas jovem enquanto artista, com curadoria do Juan Luiz Toboso”, e uma exposição do artista irlando-paquistanês Samir Mahmood, com curadoria de Miguel Amado. A RAMPA pode ser visitada de quarta a sábado, entre as 15h00 e as 19h00.

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Inauguração da exposição Palestine Here and There © Andreia Merca

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"Palestine Here and There"
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