O Cancioneiro de Elvas é um dos mais notáveis testemunhos da música renascentista portuguesa, datando provavelmente da segunda metade do século XVI, entre 1560 e 1570. Composto por 65 obras, maioritariamente vilancetes e cantigas, este manuscrito, escrito em castelhano — a língua franca da época — e em português, reflete não só uma grande riqueza musical, mas também a fusão das influências culturais da Península Ibérica. Integrando o restrito conjunto de cancio - neiros musicais portugueses do século XVI que sobreviveram, ao lado do Cancioneiro de Lisboa, do Cancioneiro de Belém e do Cancioneiro de Paris, o Cancioneiro de Elvas oferece uma visão única das dinâmicas culturais e linguísticas do século XVI. Desempenha um papel fundamental no estudo da música secular em Portugal, revelando o repertório musical e poético que circulava nas cortes e a convivência das músicas erudita e popular, características do espírito renascentista. Fonte constante de inspiração no percurso de Sete Lágrimas desde a sua fundação, há 26 anos, o Cancioneiro de Elvas é agora revisitado no primeiro volume de uma trilogia dedicada à integral deste importante manuscrito. Este é o primeiro passo.