"São 50 horas 'non-stop' [sem parar] em que teremos, num ambiente muito festivo, um programa muito multidisciplinar, desde as artes circenses à música, à performance, à dança, ao teatro, exposições, cinema, visitas ao nosso parque e também às exposições", afirmou o diretor do festival, Rui Costa, na conferência de imprensa de apresentação do programa.

O Serralves em Festa arranca às 18h00 de sexta-feira, 30 de maio, e termina às 22h00 de domingo, 1 de junho. Antes, no dia 29, vai haver “uma antevisão” com extensões na baixa do Porto e em Vila Nova de Gaia, com espetáculos para “as populações e turistas”.

Por Serralves passarão mais de 500 artistas de mais de 20 nacionalidades, e mais de uma centena de atividades “num dos mais significativos festivais da cultura contemporânea”, que recebeu na edição do ano passado cerca de 275 mil visitantes.

O diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Philippe Vergne, classificou Serralves em Festa como "um espaço seguro para ideias inseguras”. Citando Marcel Duchamp, afirmou que este evento anual é “um rendez-vous [encontro] entre artistas e visitantes", acrescentando que é "avant-garde" e "aberto a toda a gente". Vergne disse, ainda, que o Serralves em Festa “é popular sem ser populista”.

A programação do evento foi apresentada pelos curadores das áreas da música, das artes performativas e do serviço educativo. Começando pela música — “porque não há festa sem música”, como referiu Pedro Rocha — estão previstas 50 atuações “entre concertos e DJ sets” ao longo de 50 horas, sendo que, no que toca às linhas programáticas, "será dada prioridade a projetos mais exploratórios e experimentais dentro dos mais variados estilos e idiomas musicais".

Destaque para os ingleses Spiritualized no sábado à noite, com cerca de dez músicos em palco, e cujo concerto vai centrar-se no álbum Everything was Beautiful (2022), e para o regresso dos Três Tristes Tigres, que marcaram presença na primeira edição do Serralves em Festa, em 2004, e que vêm agora apresentar o novo álbum Arca, ainda por lançar [e que foi um dos temas da conversa da Agenda Porto com a cantora Ana Deus, para recordar aqui].

Do cartaz musical fazem, ainda, parte nomes como Aunty Rayzor & DJ Tobzy, Use Knife, Waclaw Zempil & Saagara ou Fidju Kitxora, entre muitos outros.

“É um encontro de culturas musicais com raízes distintas”, frisou Pedro Rocha, que referiu, ainda, numa vertente mais exploratória o sexteto feminino português Lantana e o duo espanhol Evol.

No que respeita às artes circenses, ao teatro de rua, à dança e à performance, Cristina Grande assegurou “uma diversidade de mundos” na programação e a apresentação de peças transdisciplinares que “cruzam as artes visuais e as artes performativas, e que provocam uma reflexão sobre a atualidade”.

Nas artes circenses, a curadora destacou Esquive, em que seis acrobatas “prestam homenagem a uma disciplina circense, o trampolim”, mas também os Clan Cabane, que, coincidentemente, recorrem a trampolins, dentre outros materiais, no seu número. “São um grupo de amigos construtores de acrobacias”, disse.

No teatro de rua, destaque para Monsieur Culbuto, "um sempre-em-pé”, com “320 quilos de poesia", "um brinquedo gigante que vai ocupar o espaço público no centro da cidade do Porto no 'aquecimento'" e, depois, em Serralves, e que “é um apelo à afetividade”.

Cristina Grande realçou, ainda, a estreia absoluta do espetáculo multidisciplinar Rima, da companhia portuense Erva Daninha, que vai ocupar o Jardim Siza Vieira, em que as técnicas de circo e o movimento se cruzam, “tendo como linguagem central a roda Cyr, como símbolo de conexão entre dois estranhos", um artista do Brasil e outro da Malásia, que constroem "um lugar seguro para habitar".

Na dança contemporânea, destaque para Boris Charmatz e 20 dancers for the XX century, com doze bailarinos; uma criação que “vai de Charlie Chaplin às danças tradicionais ucranianas, do krump a Meg Stuart, a Vera Mantero e a João Fiadeiro”.

O coletivo porto-riquenho Poncili Creación é, também, outro destaque desta edição do Serralves em Festa, que vai apresentar duas paradas; uma na baixa do Porto e outra em Serralves. Este coletivo, que se “movimenta entre o absurdo e o lúdico", traz grandes marionetas, e trabalha questões como “identidade cultural, consumismo e degradação ambiental”, adiantou a curadora.

Quanto ao programa do serviço educativo, Inês Pina salientou o espetáculo de circo Dolce Salato, para famílias, e Músicas para dar a volta ao mundo da D. Arménia, um concerto/espetáculo apresentado por Ana Madureira e Vahan Kerovpyan, bem como o espetáculo Girafas, dos catalães Xirriquiteula Teatre, que vai estar a percorrer o Parque de Serralves.

Porque a 1 de junho se assinala o Dia da Criança, além das oficinas para crianças e famílias, há um reforço das atividades destinadas ao público infantil, nomeadamente espetáculos de música e de circo.

Podes consultar toda a programação do Serralves em Festa aqui.