“Este espaço foi fundado, em 1939, com o nome ‘O Chinez’ pelo Sr. Couto. Desde 1989, é a minha mãe, Maria da Conceição Soares Campos Dias, que se dedica a manter o negócio vivo, respeitando todos os pormenores de outros tempos”, conta Alcinda. Ainda hoje, a Cafezeira continua a honrar os rituais do café, sem perder a sua essência. 

A Cafezeira oferece também chás, especiarias, leguminosas, mel e chocolates, dispostos em caixas de madeira e vendidos a granel. É uma autêntica arca de sabores e texturas, mas o verdadeiro destaque vai para o café e os seus históricos moinhos. Os clientes participam num ritual único que começa com a escolha da origem do café e termina na moagem. “O Brasil é um café muito aromático e leve, mas mais líquido; já o da Etiópia é mais encorpado, aromático e com pouca acidez”, explica Alcinda. Depois, ajusta-se a moagem ao método de preparação: “cada máquina tem a sua moagem”, confidencia, enquanto o som dos moinhos – testemunhas de várias décadas – anunciam que o café está pronto. 

Todo o processo é manual, culminando com a escrita à mão do nome na etiqueta depois de a colar na embalagem. “Os clientes que se aventuram a experimentar raramente voltam atrás. Depois disso, é muito difícil regressar ao mundo do café comercial,” sentencia. 

O futuro da Cafezeira é incerto, mas a vontade de continuar esta tradição mantém-se. “Este é um espaço único na cidade do Porto, e queremos preservar esta memória viva.”