PT
Porto Pianofest © DR
De 1 a 12 de agosto, o Porto volta a ser palco de um dos festivais de verão mais centrados no piano e que reúne músicos de todo o mundo. A 10.ª edição do festival celebra o caminho percorrido, que começou com três concertos, em 2016, e hoje apresenta mais de vinte cinco concertos e masterclasses por toda a cidade (e para lá dela).
Antes da abertura oficial do festival, o piano já se faz ouvir: a 30 de julho, entre as 10h00 e as 18h00, o Mercado do Bolhão transforma-se numa sala de concertos para a Maratona de Piano. Por lá vão passar mais de 30 pianistas. “Vamos ter pianistas dos quatro aos 80 anos; há sempre pessoas que passam e perguntam se podem tocar. E esta é uma forma de mostrarmos à cidade que estamos aqui e que o festival vai acontecer”, afirma à Agenda Porto Nuno Marques, diretor artístico e cofundador do festival.
A cidade como palco e casa
Para este pianista a viver em Nova Iorque, a escolha do Porto para acolher este festival era “uma evidência”. Foi a forma que encontrou de partilhar com a cidade toda a experiência que recolheu fora. “Eu nasci aqui e toda a minha família é daqui, portanto, este projeto, para mim, só fazia sentido no Porto (e continua a fazer).” A ideia do festival surgiu em Nova Iorque, numa conversa com a sua mulher Mariel Mayz, pianista e compositora norte-americana, cofundadora e vice-diretora do festival. Ambos queriam criar um projeto pedagógico com o objetivo de fazer chegar a música e os seus conhecimentos e aprendizagens a mais pessoas. “Estávamos na Broadway quando sentimos que estava na altura de criarmos este projeto, e o Porto era o lugar certo, com história e um verão cultural por preencher.”
Desde o início, o festival teve o apoio da Câmara Municipal do Porto e de instituições como a Casa da Música, que foi palco do primeiro concerto do Pianofest. A aposta foi clara: um festival de verão com uma forte componente pedagógica, com foco no piano, mas aberto a cruzamento de géneros e com uma programação diversificada. “Queríamos quebrar barreiras com concertos gratuitos ou a preços simbólicos, e horários e locais acessíveis a todos, desde as salas mais convencionais aos jardins públicos, do centro até aos lugares [que ficam] mais fora da rota habitual.”
Mariel Mayz e Nuno Marques. Fotografia © Nuno Miguel Coelho
Concerto de Evan Shinners, no Pátio de Museu Romântico, 2024. Porto Pianofest © DR
Destaques desta edição
A seleção dos artistas é feita através do mesmo princípio. “Não tem de ser o meu pianista favorito, mas tem de ser alguém que eu ouça e diga: Isto vale a pena ouvir. É um trabalho constante, de muitos anos e quase diário”, assegura Nuno.
Nesta edição, há uma média de dois a três concertos por dia, além das masterclasses. “Recebemos artistas de todo o mundo, os concertos são a parte visível, para desfrutar da música, mas durante o dia estes artistas dão aulas abertas com o objetivo de fomentar a aprendizagem e a partilha. É uma forma de explicar ao público o processo e todo o trabalho envolvido.”
Este ano, entre os destaques estão Baptiste Trotignon Trio, que abre o festival no dia 1 de agosto, na Casa da Música, com o projeto Brexit Music — versões jazz de clássicos do pop rock britânico. A 10 de agosto, em Serralves, estreia-se em Portugal o Liaisons Project, uma coleção de peças de piano inspiradas na obra de Stephen Sondheim, e para o encerramento, a 12 de agosto, no Palácio da Bolsa, há o regresso do pianista russo-americano Alexander Kobrin.
Haverá também uma proposta pensada para crianças e famílias, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, e ainda um espetáculo ao pôr do sol no Pátio do Romântico: intitula-se "As Histórias que nos Habitam" e junta em palco duas artistas norte-americanas — Nicole Wakabayashi (piano e voz) e Lilliana de los Reyes (percussão e voz) — acompanhadas pela Sinfonietta de Braga, num concerto descontraído e narrativo, com entrada livre, ideal para todas as idades."
10 anos em retrospetiva
Este ano, o festival assinala a 10.ª edição e até aqui há momentos que ficaram gravados na memória. “O primeiro concerto ao ar livre, no Pátio do Romântico, com o público sentado no chão com mantas e um silêncio absoluto a ouvir Bach, foi deslumbrante. Destaco, também, a estreia dos Stars of American Ballet, na 3.ª edição; foi um salto qualitativo para nós conseguirmos trazê-los. E, claro, aquele instante no primeiro concerto do festival, na Casa da Música, em que percebi que isto estava mesmo a acontecer”, conta Nuno.
Enquanto celebram esta data, Nuno e Mariel apercebem-se de que mais do que um alinhamento de eventos, o Porto Pianofest é uma rede de relações entre músicos, públicos e ideias. “Gostamos de assistir às aulas, de ver os concertos, de conversar. É uma experiência completa e percebemos que não é só para os outros, mas para nós também”, reflete Mariel.
O Porto está estrategicamente posicionado no mapa entre a Europa Central e os Estados Unidos e vai ganhando, ano após ano, um lugar no circuito internacional dos festivais de verão. Como diz Mariel, com a serenidade de quem sabe o que construiu: “o Porto significa ideias grandes. É um lugar de chegada e de partilha.”
Stars of American Ballet, 2023. Porto Pianofest © DR
Partilhar
FB
X
WA
LINK
Relacionados
Concerto