Conversas com oito especialistas de várias nacionalidades sobre sustentabilidade, inovação e tecnologia, história e cultura do surf, e sobre a regulamentação da modalidade; competições de escolas de surf; e ações educativas sobre segurança e salvamento a decorrer na praia são algumas das atividades programadas para este festival de três dias.

Afonso Teixeira, diretor da Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESP), entidade organizadora, refere que a iniciativa partiu do objetivo de “desafiar o [atual] recorde mundial do maior número de pessoas a surfar a mesma onda”, atingido, há 15 anos, na África do Sul. “Queremos juntar a comunidade de surf local para participar e quebrar este recorde.” A ideia não é nova, mas a Covid-19 trocou as voltas à AESP, que arrumou o projeto na gaveta até agora. “Tivemos o apoio do Turismo Portugal, através da linha de financiamento do Programa Portugal Events, que foi o pontapé de saída para depois, juntamente com outros apoios e patrocinadores, montar todo um festival em torno deste evento.”

Quando, em 2009, 110 surfistas bateram o recorde anterior, “havia 400 pessoas dentro de água porque não era possível que todas apanhassem a mesma onda; há muita gente que cai. É impossível ter o número contado [de surfistas], é um exercício praticamente impossível”, refere. Assim, segundo Afonso, “com base nas tentativas que foram feitas noutros locais, 500 surfistas é o número realista que nos dá garantias de conseguirmos quebrar este recorde, tendo em conta a comunidade de surf local e o interesse que isto tem despertado”.

“Califórnia, Austrália e Brasil já tentaram quebrar o recorde, e agora é a nossa vez de tentar”, afirma. Os interessados em participar podem inscrever-se através do site do evento.

Todo o festival é de entrada livre, à exceção das Surf Talks que acontecem, nos dias 27 e 28 de setembro, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e no Forte de São Francisco Xavier, com a presença de oito oradores, entre os quais Sam George, jornalista de surf, Nick Hounsfield, surfista e empreendedor, Nick Carroll, jornalista e editor de surf, e Ed Atkin, cientista ambiental. Estas conversas têm um custo diário a partir de 40 euros (também há packs para os dois dias).

Afonso Teixeira acredita que estas palestras “vão atrair os profissionais do surf, não só da área da competição, mas também empresários ligados à modalidade, estudantes universitários e investigadores”, frisando que “vai haver espaço para perguntas e respostas e para debate”.

O diretor da AESP destaca “três pilares importantes” destas conversas: “a história do surf desde o seu início até aos dias de hoje, daí virem jornalistas às Surf Talks que são ‘verdadeiras enciclopédias’ sobre o surf mundial; a sustentabilidade, e vamos ter palestrantes como o Ed Atkin, cientista especializado na proteção de zonas costeiras e na proteção de ondas para o surf; e a tecnologia, em que vamos ter, por exemplo, o fundador de uma das primeiras piscinas de ondas artificiais na Europa, uma tecnologia que está a despontar por todo o mundo, com grandes investimentos, e queremos trazer para cá a discussão sobre este tema e sobre como a tecnologia e a inovação se podem cruzar com o surf.”

Há, também, duas Conversas à Nortada que antecedem as festas Sunset com DJs convidados. “Queremos contar a história do surf do Porto e de Matosinhos, trazendo, para uma conversa descontraída, figuras incontornáveis desde que a modalidade apareceu nos anos 70, e que marcaram o surf aqui.”

Do programa constam, ainda, uma prova de surf, a Surf School Challenge, que “visa fomentar uma maior aproximação entre as escolas de surf e promover a partilha de conhecimento e experiências entre os participantes”, e ações de formação, sensibilização e educação sobre prevenção e segurança aquática, em conjunto com o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), com destaque para o contributo da comunidade de surf no salvamento de vidas nas praias portuguesas.

“Damos formação a surfistas, a treinadores de surf e nadadores-salvadores sobre salvamento aquático, prevenção do afogamento e suporte básico de vida; e vamos fazer ações educativas e de sensibilização com crianças das escolas dos concelhos do Porto e de Matosinhos”, refere.

Um evento para continuar

Afonso Teixeira recorda que já existem “vários eventos de surf integrados no calendário formal competitivo”, mas que faltava um evento como o Norte Surf Fest, que se debruçasse sobre “o lado mais recreativo do surf enquanto estilo de vida”. “Há espaço para realizar um evento deste tipo anualmente, como uma forma de terminar o verão”, defende.

Apesar de não ser “uma atividade muito barata, principalmente em destinos como o nosso, de água fria, em que precisamos de fatos”, há cada vez mais crianças e jovens a aderirem a esta modalidade no Porto e em Matosinhos, onde existem 17 escolas de surf. Neste sentido, Afonso salienta a importância de “projetos sociais promovidos pelos municípios junto de clubes e escolas de surf”, como o “Surf para Todos” e o “Desporto no Bairro”, que dão a oportunidade a mais crianças de terem contacto com este desporto de ondas.