PT
© Guilherme Costa Oliveira
A celebrar 15 anos, o programa Noites de Morcegos continua a levar famílias, mas também cada vez mais turistas, a ver e ouvir estas misteriosas criaturas noctívagas. Para quem nunca viu ou ouviu estes pequenos animais no céu do Porto, esta é uma boa oportunidade para o fazer em diferentes espaços verdes. Durante julho e agosto, há cinco atividades agendadas. A Agenda Porto acompanhou uma saída, no Parque da Cidade.
“Não levem as dúvidas convosco”, diz a divulgadora Luzia Sousa, num tom professoral, às cerca de 30 pessoas de várias idades e nacionalidades que se juntam para ouvir as explicações antes de partirmos para uma observação de campo. A expectativa é de observarmos exemplares de Pipistrellus pipistrellus (morcego-anão), uma das 27 espécies existentes em Portugal continental.
Luzia Sousa, bióloga aposentada, é a grande dinamizadora das Noites de Morcegos, projeto que começou quando era curadora do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto e que, depois de se reformar, continuou a promover através do Departamento de Ambiente da Câmara Municipal do Porto. “Sempre me dediquei à divulgação de espécies de que se gosta menos e, portanto, sobre as quais se sabe menos. A minha vantagem é que gosto de morcegos.”
Noite de Morcegos no Parque da Cidade © Guilherme Costa Oliveira
Luzia Sousa © Guilherme Costa Oliveira
Esta divulgadora de ciência, membro da associação portuguesa Morcegos.PT, e do grupo de trabalho do EUROBATS, pretende dar a conhecer a importância que estes pequenos mamíferos que “voam com as mãos e veem com os ouvidos” têm nos ecossistemas. Polinizadores, dispersores de sementes, controladores de insetos, os morcegos são, segundo Luzia, “fundamentais”. E exemplifica: “O arroz, em alguns países, nomeadamente em Espanha, tem uma praga neste momento; é uma borboleta de hábitos noturnos, a Broca do Arroz, que está a destruir as plantações, e o seu predador são os morcegos. Se eles deixarem de predar, vamos ter de usar inseticidas…”
É quando começa a anoitecer, e depois de um momento de perguntas e respostas, que começamos a vislumbrar no céu essas pequenas criaturas. Luzia recorre, então, a um equipamento científico, um ecometer, para que os possamos ouvir. Os morcegos comunicam através de ultrassons, ou sons de alta frequência, que o ouvido humano não consegue captar sem recurso a microfones especiais. “O morcego-anão, por exemplo, comunica numa frequência de 45 a 55 kHz – e nós ouvimos a 19 kHz.”
Além da participação de famílias locais, as Noites de Morcegos também têm sido procuradas por turistas, como é o caso de Daniela Rodrigues de Lima, de 29 anos. Formada em Psicologia, esta brasileira conta que, enquanto pesquisava por passeios e percursos para fazer na cidade, esta atividade lhe despertou a atenção. “Como sou absurdamente curiosa, me inscrevi e estou amando. A minha vida profissional não é relacionada com Biologia, mas acho que faz parte do equilíbrio que a gente precisa buscar enquanto sociedade; é importante ter este tipo de conhecimentos. Achei esta atividade muito interessante, e gostei muito de poder ouvi-los.”
Apesar de ser uma atividade gratuita, as inscrições são obrigatórias através de formulário em ecoagenda.porto.pt.
© Guilherme Costa Oliveira
Partilhar
FB
X
WA
LINK