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Vinte anos depois do primeiro álbum, os MESA estão de volta. O reencontro com o público
acontece a 7 de maio, na Casa da Música – e traz consigo o simbolismo de duas décadas
de percurso e um silêncio que, para a banda, foi tudo menos vazio.
Questionados pela razão deste regresso, depois da saída de Mónica Ferraz, em 2012, e da paragem da banda, em 2016, a cantora começa por dizer que foi no tempo certo. “Foi a distância que nos levou a querermos estar juntos outra vez. Sempre nos coordenámos muito bem musicalmente” explica. “Esta pausa levou-nos a um amadurecimento e à conclusão que trabalhamos muito bem juntos. A nossa linguagem complementa-se”, acrescenta João Pedro Coimbra.
Durante este hiato, ambos seguiram caminhos distintos – experiências que enriqueceram os dois enquanto artistas. “O reencontro musical é sempre mágico. É um reencontro com muitas histórias e novidades para dizer um ao outro”, identificam. E, ao mesmo tempo, “é como se não tivessem passado vinte anos, e isso é muito engraçado. A cumplicidade
musical mantém-se.”
Mónica Ferraz e João Pedro Coimbra © Rui Meireles
Revisitar temas como “Luz Vaga” ou “Vício de Ti” tantos anos depois é, para ambos, muito emotivo. “Há um olhar novo sobre estes temas”, dizem. Mónica sublinha: “O nosso crescimento pessoal leva-nos a interpretar, agora, as músicas de outra forma. É absolutamente incrível perceber que não somos as mesmas pessoas.”
“É quase como um trabalho de arqueologia. Estamos a observar, vinte anos depois, e a tentar perceber a razão daquelas escolhas, da construção musical, das melodias”, reflete João Pedro. E é nesse exercício que se abre espaço para o presente: “Descobrir como é que podemos adicionar a nossa experiência e visão atuais.”
© Rui Meireles
Em abril, lançaram a nova versão de “Deixa Cair o Inverno”, tema que faz parte do segundo álbum dos MESA, Vitamina (2005). “Nunca teve grande destaque, nunca foi single, e nós decidimos reformular o imaginário sonoro e, assim, revisitá-lo com o olhar atual dos MESA”, explica João Pedro. Mónica acrescenta: “Vais ser muito interessante ver como é que o público vai reagir a isso. As pessoas, tal como nós, também mudaram durante estes anos.”
O concerto na Casa da Música representa este regresso ao palco, mas também um regresso a casa. “Esta foi uma das primeiras casas onde tocámos aqui no Porto”, recorda João Pedro. E, para Mónica, esta é uma cidade de memórias: “Esta cidade esteve sempre presente, mesmo quando estive fora. Nos momentos mais tristes, pensar no Porto foi o que me manteve alegre e inspirada para compor e realizar os meus trabalhos.”
Ao longo da conversa, torna-se claro que este regresso não tem apenas como objetivo celebrar o passado. Os MESA querem prolongar esta estadia. “Agora o foco está nestes concertos, mas o nosso objetivo é voltar à estrada. Há uma beleza em voltar, queremos desfrutar de todo este trabalho juntos e usufruir disso”, revelam.
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