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Em Casa, CRUA © Cultura em Expansão / Renato Cruz Santos
Até 28 de fevereiro estão abertas candidaturas para a próxima edição do Cultura em Expansão, o programa gratuito de promoção cultural e artística do município do Porto que conta já com 10 edições. O programa, que até agora se concentrava em quatro territórios específicos, apesar de ter, também, uma programação satélite, mudou de figurino e quer abrir-se mais à cidade. A próxima edição começa em abril.
A Agenda Porto falou com Rui Silvestre, diretor de Convergências da Ágora – Cultura e Desporto, desde setembro, que terá a seu cargo a gestão cultural do Matadouro (cuja abertura está prevista para o próximo ano), e que passou a ter sob sua alçada o Cultura em Expansão.
O Cultura em Expansão tem vindo a consolidar-se, desde 2014, como um projeto de democratização cultural na cidade do Porto. De que forma considera que esta convocatória reforça a missão de coesão e transformação social através das artes e da cultura?
Com a convocatória, procuramos abrir o programa à participação de mais vozes, mais comunidades, mais territórios, mais práticas, mais agentes, que traduzam, assim, a realidade da cidade. É neste alargamento que se concretiza o reforço da missão de coesão e transformação social.
Rui Silvestre © Inês Aleixo
No âmbito desta convocatória, o programa pode acolher até duas dezenas de projetos a desenvolver na cidade — seis de cocriação comunitária e 14 de criação participada. Em que diferem estes projetos?
Primeiro, esclarecer que os dois programas abrangem a criação em práticas artísticas socialmente comprometidas em todas as formas de expressão artística contemporânea, nomeadamente artes visuais e curadoria, artes performativas e cénicas, composição e performance musical, literatura, pensamento crítico e edição, vídeo arte, imagem em movimento e arte cinemática, arquitetura, urbanismo e espaço público.
Eles diferem sobretudo no grau de envolvimento e relacionamento com as comunidades, sendo que os seis projetos de cocriação têm como finalidade promover a criação colaborativa de artistas e/ou agentes culturais em conjunto com determinada comunidade ou grupo-alvo (social, profissional, territorial), partilhando a responsabilidade artística na construção do processo criativo e realizando um objetivo comum que seja coletivamente transformador. Neste caso, pedimos que os projetos decorram ao longo de um período contínuo mínimo de seis meses e considerem, pelo menos, dois momentos intermédios de apresentação pública.
Os 14 projetos de criação participada têm como finalidade fomentar criações artísticas, individuais ou coletivas, para serem realizadas de forma participativa com a população local chamada a participar do processo e a contribuir para a materialização dos resultados. O projeto poderá ser gerado a partir da identidade, memória, património ou circunstância da comunidade com que se relaciona.
Brado © Cultura em Expansão / Renato Cruz Santos
O Matadouro, enquanto novo polo cultural da cidade, vai albergar diferentes dimensões artísticas e comunitárias. Que impacto espera que esta estrutura tenha na dinâmica cultural e social do Porto, especialmente nas zonas descentralizadas? Este será, também, um espaço privilegiado para acolher projetos do Cultura em Expansão?
A abertura do novo polo cultural no Matadouro, e, com essa abertura, toda a dinâmica de programação que se vai gerar a partir dos diversos equipamentos que o integram, vai contribuir necessariamente para a criação de uma nova centralidade em Campanhã. Essa centralidade não se faz só por si, mas também com o restante tecido social, cultural e económico já existente, ou que surgirá com o Matadouro, e também com as infraestruturas facilitadoras da mobilidade, como o Metro e o Terminal Intermodal de Campanhã, por exemplo. Tendo em conta estes fatores, queremos ser um contributo relevante para um trabalho próximo com as diferentes comunidades e estruturas desta parte da cidade, das escolas por exemplo, e contribuir para mais coesão, integração social e desenvolvimento local.
A disponibilidade de espaços do Matadouro para as práticas artísticas comunitárias e educativas vai favorecer o desenvolvimento de programas que contribuam para a transformação social e o desenvolvimento local, valorizando as comunidades artísticas de Campanhã e da zona oriental do Porto, combatendo desigualdades e contribuindo para a redução da exclusão social. Esperamos apresentar nos diversos espaços projetos do Cultura em Expansão, mas também de outros programas, no contexto das práticas artísticas promotoras de integração e coesão social.
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