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Conjugar o Porto
"Ouvir" com o Mr. Bean's Music Club
Conjugar Mr Beans

Setembro 2025

Com jams todos os sábados e domingos, entre as 18h00 e as 23h30, e o ocasional concerto de nomes reconhecidos no mundo do jazz, o Mr. Bean’s tem vindo a ganhar um séquito devoto. Fomos falar com quem faz o clube, e para quem o ato de tocar é indestrinçável do ato de “ouvir”.

Na esquina do topo da Rua da Restauração, banhada pelos últimos raios de sol do dia, começam a soar os arpejos ziguezagueantes de um quinteto de jazz. Entre turistas que escalam um regresso da zona ribeirinha e curiosos que foram capturados por uma guitarra e um teclado em desafio, a diminuta loja da porta 481 ganha lentamente massa humana. O nome do clube é uma referência à anterior ocupação do espaço – um restaurante onde eram servidos hambúrgueres de feijão – mas poderia facilmente ser atribuído à forma como cada espaço livre é preenchido: entre bancos, degraus, recantos e tampos de mobília – há sempre um espaço para caber mais alguém, como numa vagem mais ou menos almofadada.

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© PIXBEE

Quando o clube arranca em 2021, pelas mãos de André Indiana e Isadora Fevereiro, as jams eram já o prato principal – encontros de música improvisada, sem alinhamento nem instrumentistas fixos. Um ano mais tarde, Miguel Pinto assume a gestão do espaço, e as jams passam a acontecer duas vezes por semana. Para além disso, é nesta fase que é desenhada a nova disposição – os músicos ao centro, voltados uns para os outros, enquanto o público os rodeia. “Acho que é uma coisa que afeta muito a forma como as coisas acontecem”, conta-nos, “e o que queremos é criar as condições ideais para que algo aconteça”.

Esse algo é muito claro para Miguel: “É uma sintonia entre público e músicos. O público é uma parte tão importante como os músicos – quando não temos gente, não conseguimos chegar aos mesmos sítios”. O baixista sublinha, assim, a importância do espaço reduzido do clube, que propicia esse contágio entre quem toca e quem ouve, explicando, até, que quem ouve está, de certa forma, a tocar.

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© PIXBEE

Edu Mundo, multi-instrumentista com zona de conforto na bateria, acrescenta que o próprio espaço é condutivo desta troca. “Quem está cá dentro acaba por ter uma experiência quase de festival, onde se partilha o suor, a respiração, a excitação. E esta proximidade permite aos músicos lerem isso, saberem se devem levar a música para um lugar mais crescente, ou mais calmo.”

Esta visão é expandida por Pancho, percussionista uruguaio, que defende a máxima de “tocar juntos, não ao mesmo tempo”, porque “o ego tem de ficar de fora”. “Se os músicos estiverem em diálogo, as pessoas também se apercebem disso, também se educam nisso. Nós gostamos de arrancar cada nova rotação de instrumentistas no silêncio. E mesmo quando a noite vai longa, e a energia está lá no alto, pedimos às pessoas para que se faça o silêncio. Porque agora é o momento para ouvir.”

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© PIXBEE

Para quem quiser experimentar o clube, Edu Mundo diz que “o ideal é não esperarem nada, porque tudo pode acontecer. Uma coisa é certa: a música que vão ouvir vai acontecer naquele momento, e não se voltará a repetir”.

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