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Fisga: Um núcleo de trabalho e um recreio cultural no Porto
Codigo Postal Fisga fev 2025
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© Inês Aleixo

Na Fisga, intersectam-se arte, comunidade e inovação. “É uma plataforma multidisciplinar que cruza o trabalho colaborativo com uma forte componente artística e cultural", define Carolina Grilo, artista plástica e curadora dos eventos neste espaço. Dividida entre a R. de Santos Pousada e a R. do Bonjardim, a Fisga apresenta-se à cidade com dois polos que aliam a vitalidade da partilha de ideias à efervescência das artes emergentes. 


O nome fisga contém a leveza de um brinquedo e a precisão de uma ferramenta. “É um objeto que tanto pode ser encarado como algo lúdico, como algo sério e funcional”, diz Pedro de Castro, co-fundador. O projeto nasceu em 2019, com a necessidade do estúdio Grandpa's Lab, empresa de design multimédia, encontrar um espaço maior. “Queríamos um lugar que nos permitisse acolher outros profissionais criativos, num ambiente de coworking, mas de uma forma descomprometida”, conta. Passado pouco tempo, encontraram este lugar na R. de Santos Pousada “onde cabiam ainda mais pessoas a pensar, e assim surgiu este playground [recreio] cultural com agenda própria”, acrescenta Tiago Pires, outro dos fundadores. 

Dois espaços inseridos na teia de programação da cidade 


É na R. do Bonjardim que começa o percurso da Fisga, com o Fisga Garden, um espaço que ganha vida durante o verão com concertos e formações ao ar livre. O resto do ano é ocupado por residências artísticas e ateliês. Já na R. de Santos Pousada, o Fisga Warehouse, inaugurado em 2023, consolidou-se como espaço principal. Este edifício, com três pisos abertos, de estilo industrial moderno, organiza-se de forma funcional: há uma montra dedicada a instalações artísticas, um espaço amplo de coworking no piso inferior, e a ‘Booth’, uma cabine de um elevador monta-cargas adaptada para reuniões ou para apresentações de vídeo, som e performances temporárias. No último piso, há uma cozinha e uma mesa comunitária e ao lado uma ampla sala para exposições, com acesso ao pátio exterior. “Em dias de inaugurações os três pisos estão em movimento, com programação a acontecer em simultâneo”, refere Carolina. 

É aqui que as ideias ganham forma e espaço na programação mensal que inclui noites de cinema, jogos, conversas sobre livros, aulas de yoga, workshops e pop-ups de comida, performances, instalações e exposições. “Muitas vezes o nosso foco está nas artes digitais, devido ao nosso conhecimento técnico, mas a nível conceptual a ideia é cruzar disciplinas, incluindo a investigação científica, sustentabilidade, arte terapêutica e ioga”, explica Carolina. Um exemplo disso é o evento ­ — Yoga in light — que combina a prática de ioga com um ambiente imersivo de luz e som criado por artistas digitais e assim transforma projetos de animação em experiências terapêuticas. 

Codigo Postal Fisga fev 2025

© DR

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© DR

Projetos como o Testbed são um bom exemplo da abordagem transdisciplinar da Fisga. Este evento funciona como “um laboratório de criação de performances audiovisuais e demonstra a capacidade de misturar estas duas componentes. Como somos profissionais da área, temos muito gosto em dar espaço a esta forma de expressão, até porque há muito público interessado”, sublinha Pedro. A próxima edição, a 15 de fevereiro, recebe o artista escocês Tom Scholefield (Konx-om-Pax) para um workshop audiovisual. “Sublinhamos aqui a importância de criar pontes e trazer não só artistas locais emergentes, como outros que vêm de fora e que vão inspirar os que estão cá”, acrescenta Tiago. 


Um dos grandes objetivos da Fisga é apoiar artistas emergentes, oferecendo-lhes espaço para exporem os seus trabalhos com liberdade criativa e suporte técnico. “Há poucos espaços no Porto que reúnam as condições necessárias para os artistas apresentarem os seus trabalhos, e nós estamos a trabalhar nesse sentido”, afirma Carolina, sublinhando o compromisso com a valorização da comunidade de artistas locais. E o resultado está à vista: “Têm-nos chegado muitas propostas e é cada vez mais complicado selecionar”, admite, assinalando o impacto do projeto na cidade. 

No entanto, o percurso tem sido coberto por alguns desafios. “A sustentabilidade financeira, sem apoios, tem sido uma meta complexa, mas estamos a trabalhar para garantir o crescimento do projeto”, assegura Tiago. Entre os maiores desafios está também a deslocação de públicos. “Estamos perto do centro, mas no Porto as distâncias parecem maiores do que são. Mas se tivermos uma boa divulgação os resultados são muito positivos.” 

No futuro, o principal objetivo da Fisga é implementar o serviço educativo, com aposta em oficinas, conversas e cursos para crianças, jovens e adultos em áreas e domínios relacionados com as artes, a tecnologia e a ciência. Outro objetivo, revela Pedro, “passa pela exploração de novos territórios; chegar a locais onde a cultura não chega ou não é explorada com tanta facilidade. Gostávamos de ter um projeto satélite que leve um bocadinho do que se está a passar aqui a outros sítios.” 


A Fisga é um projeto feito de ideias e pessoas a pensar em conjunto. “Nós queremos experimentar muita coisa, mas esta equipa é feita de muitas cabeças, somos muitos a pensar de uma forma horizontal. E é assim que o projeto vai crescendo, a escutar o que a cidade está a pedir”, conclui Tiago. 

por Maria Bastos

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