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Bolo de São João: uma tradição a fermentar
Bolo de Sao Joao

Há um doce que renasce nas festas sanjoaninas, um segredo antigo da cidade que poucos conhecem – o Bolo de São João. Criado na primeira metade do século XX, caiu em esquecimento até que, há cerca de duas décadas, um grupo de profissionais e de confeitarias, com o apoio do historiador Hélder Pacheco e da associação que representa o sector, decidiram retomar esta tradição. A Agenda Porto foi até duas confeitarias da cidade que produzem este bolo – a Tavi e a Doce Alto – assistir à sua confeção e desvendar os segredos da receita.  

Muito semelhante ao Bolo-Rei – que se acredita que lhe deve ter servido de inspiração –, o Bolo de São João é “mais leve, com menos açúcar e menos frutos cristalizados; tem mais nozes, muita humidade e um sabor muito agradável”, afiançam-nos na Confeitaria Tavi, na Foz do Douro.  


José Paiva, pasteleiro há mais de 50 anos e responsável pela Tavi, é um dos principais impulsionadores desta tradição. “No primeiro ano que se fez, inclusive na véspera de São João, pôs-se hospedeiras em Lisboa, na Gare do Oriente, e nos comboios que vinham para o Porto [que serviam aos passageiros] uma fatia do Bolo de São João”, recorda com um sorriso. 

Bolo de Sao Joao

José Paiva, Tavi © Nuno Miguel Coelho

Bolo de Sao Joao

Bolo de São João da Tavi © Nuno Miguel Coelho

Na Tavi, a receita aposta numa versão com menos açúcar e uma generosa dose de frutos secos: nozes, passas, amêndoa palitada, e a fruta cristalizada é reduzida ao mínimo.  

Bolo de Sao Joao

 Sérgio Rodrigues, Doce Alto © Rui Meireles

Já na Doce Alto, à tradição adicionaram um toque pessoal: pinhões e cereja cristalizada. A massa fica a levedar 24 horas antes de ir ao forno, e leva uma combinação subtil de bebidas licorosas que dizem fazer parte do segredo da receita. “É respeitar o legado e depois introduzir um toque que nos distinga”, diz-nos Sérgio Rodrigues, sócio-gerente e filho do fundador da Confeitaria Doce Alto, em Costa Cabral. 


Bolo de Sao Joao

Bolo de Sao Joao

Bolo de Sao Joao

Confeção do Bolo de São João na Doce Alto © Rui Meireles

Bolo de Sao Joao

Bolo de São João da Doce Alto © Rui Meireles

Como manda a tradição, o bolo faz-se acompanhar de uma bandeirola com uma quadra sanjoanina. E tanto na Doce Alto como na Tavi, esse detalhe não foi esquecido. Aliás, na Doce Alto, as quadras são personalizadas e podem até ser adaptadas, por exemplo, aos clientes que queiram dedicar um bolo à família ou a empresas que queiram surpreender os seus colaboradores nesta altura do ano.   


E se o Porto não tem um doce verdadeiramente seu — algo que até alguns pasteleiros da cidade reconhecem com espanto — talvez esteja aqui uma boa oportunidade. “O Porto não tem um doce típico, já pesquisei e não encontro”, garante Luís Paiva, filho de José Paiva. E deixa o desafio: “Talvez seja tempo de agarrarmos esta oportunidade e mudarmos isso.”  

Bolo junino 


Durante o mês de junho, a Tavi e a Doce Alto têm o bolo à disposição — mas para quem quiser garantir o seu, o melhor é mesmo encomendar. A procura tem vindo a crescer nos dias anteriores às festas e, como nos confessam na Doce Alto, este ano vão fechar as encomendas a 20 de junho. Ambas confeitarias começam a produzi-lo no início de junho, e, por vezes, estendem a sua produção até ao final do mês.  



Seja para levar para casa ou para oferecer num arraial, o Bolo de São João pode fazer parte da festa, e cai bem a rematar uma sardinhada na noite de São João. “Aguenta dois ou três dias em ótimo estado, e depois disso, fica bem torrado, com ou sem manteiga”, sugere Sérgio Rodrigues, da Doce Alto.  


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