Georg Büchner morreu aos 23 anos, em 1837, e nunca terminou Woyzeck, uma das peças que anunciam o teatro moderno. É um texto inacabado e fragmentário. Também por isso é um campo aberto a múltiplas possibilidades. Esta é a versão dos auéééu. Um espetáculo inspirado na célebre personagem de Büchner – vítima e anti-herói, proletário e louco, “pobre diabo” que carrega o fardo de um mundo em rápida transformação – e nos tableaux vivants do filme de Serguei Paradjanov, A Cor da Romã (1969). Em colaboração com a cineasta Manuela Viegas, o escultor Fernando Roussado, o ilustrador Filipe Andrade e o iluminador Daniel Worm d’Assumpção, os auéééu criam em palco “um laboratório científico onde máquinas humanoides obedecem a uma ordem artificial de inteligência que não se rege por valores éticos”. Num ambiente distópico, estas figuras “operam exclusivamente em nome do progresso”. “E por trás disto o que está?”, pergunta Woyzeck. Talvez a resposta esteja nesta peça.