A exposição Respirar o barro, de Tânia Costa, apresenta uma imersão poética na relação entre corpo, tempo e matéria. Em suas obras, o barro deixa de ser apenas um meio expressivo para tornar-se um parceiro vivo, um interlocutor que desafia, guia e transforma o gesto artístico.
A artista investiga, com sutileza, as fronteiras entre o utilitário e o poético, o design e a escultura. Suas obras frequentemente evocam funções, recipientes, vasos, estruturas — mas, ao olhar mais atento, revela-se corpos simbólicos, presenças escultóricas que transcendem a lógica da utilidade. Nelas, o gesto se torna forma, e o objeto cotidiano se transforma em experiência estética.
Em Respirar o barro, Tânia Costa convida o público a adentrar um espaço de suspensão, onde a criação se confunde com o próprio ato de existir. Suas peças são testemunhos de um diálogo contínuo entre matéria e espírito, controlo e acaso, tradição e contemporaneidade. Entre o toque e o tempo, o barro respira — e, por um instante, parece ganhar vida.
Texto curatorial: Ale Griot