A música de Emil Saiz é um acto de catarse. Partindo de uma abordagem intuitiva e meditativa do som, os seus concertos são experiências cruas e transitórias, onde a quietude dá lugar a uma intensidade visceral e cinética. Através da guitarra, Saiz constrói paisagens sonoras imersivas—ondas hipnóticas de reverberação, estática e distorção que se dissolvem em movimentos texturais profundos—criando espaços de ressonância para experienciar o corpo através do som, abrindo portais para que as emoções latentes possam vir à tona. Esta sensação de transformação, de transição entre estados, está no centro de Cycles of Disappearance (Ruby Harvest, 2025), o seu primeiro álbum a solo. Concebido como uma exploração da relação entre som e mente através da guitarra eléctrica, o disco é uma indagação sobre a experiência do acto criativo—onde a desconstrução de uma ideia é tão essencial quanto a sua formulação inicial—repleto de drones colossais e melodias em desintegração. O seu primeiro lançamento a solo, Affect/Reflect (2024), foi uma meditação sonora de 18 minutos criada para The Listening Affect, um festival de ecologias sonoras comissariado pelo Institute for Postnatural Studies e apresentado na Galeria Municipal do Porto. Nesse mesmo ano, estreou The Dance of the Witches, uma performance audiovisual em diálogo com os filmes subaquáticos de Jean Painlevé, comissionada pelo festival de cinema experimental Curtocircuíto. Para além do seu trabalho a solo, Saiz tem sido uma presença activa na cena musical espanhola. Membro dos Nothing Places e Oso Leone, colaborou com artistas como Niño de Elche, Christina Rosenvinge, Suso Saiz, Iván Ferreiro, Zahara e Russian Red, tendo actuado em Espanha, Portugal, França, Bélgica, Países Baixos, Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos, México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, República Dominicana, Japão, China, Coreia do Sul e Taiwan. Apresentou-se em instituições culturais como o Guggenheim Bilbao, MACBA, Museu Nacional Reina Sofía e Instituto Cervantes (Tóquio e Cidade do México), bem como em festivais como Primavera Sound, SXSW, Estéreo Picnic, Rencontres Trans Musicales, Jazzaldia e BBK Live.