palmilhas parte de uma série de desenhos de palmeiras e ilhas, que se organizam em quatro volumes de uma publicação sob este tema, de acordo com a geografia do seu conteúdo e os materiais utilizados.
«Não me recordo qual a razão, se é que existe alguma suficientemente objetiva, que me levou e leva regularmente a este tema. Não existe, portanto, um motivo sólido para romantizar esta pequena colecção de palmeiras e ilhas de forma a que possa ser considerada como uma obra filosófica, um roteiro tropical ou até um livro de aventuras. Será talvez um exorcismo como tantos outros que se expõem nas paredes, nas prateleiras e nos armários da vida.»
palmilhas surge de uma imagística singular, materializada em desenhos e com materiais riscadores metodicamente escolhidos para cada série de paisagens. Das travessias entre Cacilhas e o Cais do Sodré, passando pelo território brasileiro, pelas férias de Verão no Algarve, até aos trajectos de uma juventude no Porto, Hugo Oliveira traça uma cartografia íntima, de volume para volume, que opera numa indiscernibilidade entre memória e imaginação. Cada volume corresponde a uma geografia, mas também às formas topográficas que lhe são intrínsecas, que, por sua vez, convocam tipos de linha e cores distintas.
«As cumplicidades criadas entre os diferentes elementos do desenho não carecem de muitos cálculos nem de muitas regras mas, quando bem colocadas, ajudam a domar o olhar. O pequeno formato permite abraçar todo o enquadramento e a paisagem à nossa frente dispensa grandes deslocações oculares.»
palmilhas é uma digressão, na qual, o lápis de grafite, a tinta da China, as canetas Faber-Castell ou Rotring são coadjuvantes deste gesto de inscrever no horizonte um imaginário tropical, onde o olhar repousa indefinidamente e a presença enigmática de Von Martius é invocada.
«Desenhar palmeiras veio primeiro e o cenário insular foi apenas uma consequência com origens mais oníricas do que epistemológicas. Na impossibilidade de construir a casa dos nossos sonhos, porque não sonhar a ilha?»