PT
Da sua prática artística, da sua obra, podemos referir que é um artista que explora diversos meios, revelando uma inquietação contínua onde se cruzam questões clássicas e contemporâneas relacionadas com prática oficinal do artista, e a intensa reflexão crítica sobre o que vai nos apresentando, assistida duma mestria técnica, pouco vulgar nos dias de hoje.
Isaque Pinheiro mostrou o seu trabalho em várias galerias de arte, museus e bienais, incluíndo no Stenersen Museum (Oslo, Noruega), Centro Galego de Arte Contemporânea em Compostela (CGAC) (Espanha), Caixa Cultural do Rio de Janeiro (Brasil), Paço Imperial (Rio de Janeiro, Brasil), Museu Soares dos Reis (Porto, Portugal) e Museu Amadeu de Sousa Cardoso (Amarante, Portugal) e ainda na Galeria Presença (Porto), Caroline Pagès, Insofar e Zaratan Arte Contemporânea (Lisboa), Mário Sequeira (Braga), Laura Marsiaj (Rio de Janeiro) ou Ybakatu (Curitiba), entre outras.
A sua obra encontra-se representada nas Coleções da Fundação PLMJ (Lisboa), Fundação EDP | MAAT (Lisboa), Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), Museu Amadeo de Sousa-Cardoso (Amarante), Coleção MG (Alvito), Coleção Municipal de Arte (Porto), Museu da Bienal de Cerveira, Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha), Fundação Caixanova (Espanha), e Fundação Edson Queiroz (Fortaleza, Brasil), Galila Barzilai Hollander (Bruxelas, Bélgica) e outras coleções privadas em vários países.
Recebeu o 12.º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso - Prémio de aquisição do grupo dos amigos da biblioteca-museu e foi duplamente premiado em diferentes edições da Bienal Internacional de Arte de Cerveira (BIAC). Em 2023, foi distinguido com o prémio da SPA - Sociedade Portuguesa de Autores para Melhor Exposição de Artes Plásticas de 2022.
Isaque Pinheiro
Monumento ao Erro
“Já tentou. Já falhou. Não importa. Tente de novo. Falhe de novo. Falhe melhor.” — declara Samuel Beckett em Worstward Ho. Esta afirmação aponta para algo mais profundo do que um simples apelo à resiliência. Apresenta-se como parte de uma ética da imperfeição, uma estética da falha. É um elogio ao erro enquanto elemento fecundo da condição humana, motor da criação e forma de resistência ao ideal de perfeição que tantas vezes paralisa.
Imaginemos, então, um monumento ao erro. Não um monumento triunfante, mas um espaço suspenso, em processo, em construção permanente, onde as tentativas falhadas se empilham como pedras soltas — negação formal da constituição de alicerces sólidos e acabados. Ao invés disso, são marcas de uma viagem incompleta. É aqui que a imagem da água do rio ganha força: não como fluxo contínuo que vence a dureza, mas como pausa. Pausa perante as imagens das pedras contra a terra seca. Um intervalo onde o erro respira, onde a falha deixa de ser ruído e se torna linguagem.
Trata-se, pois, de inverter a expressão “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. No lugar da insistência como fúria, propõe-se a escuta da fragilidade: a pedra já não resiste, mas também não se submete. A água já não fere, mas contorna. Não se trata de triunfar, mas de coexistir com o que não se resolve, com o que permanece em aberto.
O erro não é ausência de acerto, mas presença de outras possibilidades. É gesto que escapa à razão utilitarista, é forma que se desconstrói para abrir espaço ao inesperado. O erro, entendido assim, é também um modo de pensar — um desvio necessário face ao dogma racional da exatidão. No erro há criação, há movimento, há vontade que não se resigna. Talvez seja nesse chão instável que se constrói o acaso — não de forma definitiva e absoluta, mas transitória; não impositiva, mas sensível.
Erguer um monumento ao erro é, assim, recusar a opressão do falhanço e reconhecer nele a matéria do real. É aceitar que falhar melhor é, em muitos casos, o único progresso possível. Não se trata de romantizar o fracasso, mas de compreender que a falha contém um saber próprio — um saber que não se aprende nos manuais ou nos triunfos, mas na experiência crua de tentar sem qualquer garantia.
E se a arte, a vida, o pensamento, são o resultado de sucessivas tentativas, talvez devamos aprender a olhar o erro não como obstáculo, mas como ocasião de configuração do inacabado — um inacabado que impele a questionar, a refazer, a continuar.
João Baeta
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Da sua prática artística, da sua obra, podemos referir que é um artista que explora diversos meios, revelando uma inquietação contínua onde se cruzam questões clássicas e contemporâneas relacionadas com prática oficinal do artista, e a intensa reflexão crítica sobre o que vai nos apresentando, assistida duma mestria técnica, pouco vulgar nos dias de hoje.
Isaque Pinheiro mostrou o seu trabalho em várias galerias de arte, museus e bienais, incluíndo no Stenersen Museum (Oslo, Noruega), Centro Galego de Arte Contemporânea em Compostela (CGAC) (Espanha), Caixa Cultural do Rio de Janeiro (Brasil), Paço Imperial (Rio de Janeiro, Brasil), Museu Soares dos Reis (Porto, Portugal) e Museu Amadeu de Sousa Cardoso (Amarante, Portugal) e ainda na Galeria Presença (Porto), Caroline Pagès, Insofar e Zaratan Arte Contemporânea (Lisboa), Mário Sequeira (Braga), Laura Marsiaj (Rio de Janeiro) ou Ybakatu (Curitiba), entre outras.
A sua obra encontra-se representada nas Coleções da Fundação PLMJ (Lisboa), Fundação EDP | MAAT (Lisboa), Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), Museu Amadeo de Sousa-Cardoso (Amarante), Coleção MG (Alvito), Coleção Municipal de Arte (Porto), Museu da Bienal de Cerveira, Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha), Fundação Caixanova (Espanha), e Fundação Edson Queiroz (Fortaleza, Brasil), Galila Barzilai Hollander (Bruxelas, Bélgica) e outras coleções privadas em vários países.
Recebeu o 12.º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso - Prémio de aquisição do grupo dos amigos da biblioteca-museu e foi duplamente premiado em diferentes edições da Bienal Internacional de Arte de Cerveira (BIAC). Em 2023, foi distinguido com o prémio da SPA - Sociedade Portuguesa de Autores para Melhor Exposição de Artes Plásticas de 2022.
Isaque Pinheiro
Monumento ao Erro
“Já tentou. Já falhou. Não importa. Tente de novo. Falhe de novo. Falhe melhor.” — declara Samuel Beckett em Worstward Ho. Esta afirmação aponta para algo mais profundo do que um simples apelo à resiliência. Apresenta-se como parte de uma ética da imperfeição, uma estética da falha. É um elogio ao erro enquanto elemento fecundo da condição humana, motor da criação e forma de resistência ao ideal de perfeição que tantas vezes paralisa.
Imaginemos, então, um monumento ao erro. Não um monumento triunfante, mas um espaço suspenso, em processo, em construção permanente, onde as tentativas falhadas se empilham como pedras soltas — negação formal da constituição de alicerces sólidos e acabados. Ao invés disso, são marcas de uma viagem incompleta. É aqui que a imagem da água do rio ganha força: não como fluxo contínuo que vence a dureza, mas como pausa. Pausa perante as imagens das pedras contra a terra seca. Um intervalo onde o erro respira, onde a falha deixa de ser ruído e se torna linguagem.
Trata-se, pois, de inverter a expressão “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. No lugar da insistência como fúria, propõe-se a escuta da fragilidade: a pedra já não resiste, mas também não se submete. A água já não fere, mas contorna. Não se trata de triunfar, mas de coexistir com o que não se resolve, com o que permanece em aberto.
O erro não é ausência de acerto, mas presença de outras possibilidades. É gesto que escapa à razão utilitarista, é forma que se desconstrói para abrir espaço ao inesperado. O erro, entendido assim, é também um modo de pensar — um desvio necessário face ao dogma racional da exatidão. No erro há criação, há movimento, há vontade que não se resigna. Talvez seja nesse chão instável que se constrói o acaso — não de forma definitiva e absoluta, mas transitória; não impositiva, mas sensível.
Erguer um monumento ao erro é, assim, recusar a opressão do falhanço e reconhecer nele a matéria do real. É aceitar que falhar melhor é, em muitos casos, o único progresso possível. Não se trata de romantizar o fracasso, mas de compreender que a falha contém um saber próprio — um saber que não se aprende nos manuais ou nos triunfos, mas na experiência crua de tentar sem qualquer garantia.
E se a arte, a vida, o pensamento, são o resultado de sucessivas tentativas, talvez devamos aprender a olhar o erro não como obstáculo, mas como ocasião de configuração do inacabado — um inacabado que impele a questionar, a refazer, a continuar.
João Baeta
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