Muito mais do que mais uma banda de punk, os Ideal Victim são um incêndio alimentado por fúria, garra e inconformismo. Nascidos no Porto em 2022, o quarteto propõe uma fórmula à primeira vista improvável, mas que se mostra única e coesa: à energia crua e inflexível do hardcore britânico dos anos 80 sobrepõem a vibração hipnótica do surf rock e a tensão nervosa do rockabilly – erguendo um equilíbrio tenso e irresistível entre atmosfera e agressividade. Na linha da frente, destaca-se o rugir feroz e interventivo da vocalista Mariana, sustentado pela cadência imposta pela bateria e pelo baixo e por uma guitarra que se contorce ao afogar-se em distorção. Os Ideal Victim pertencem a uma linhagem de bandas que nunca pediram licença para existir: dos Discharge às Bikini Kill e dos The Cramps aos Dead Kennedys, as influências são inegáveis, mas os Ideal Victim recusam-se a ecoá-las em exercícios de nostalgia. A sua música é urgente, combativa e incrivelmente atual — uma resposta visceral às amarras do patriarcado e às feridas abertas de um mundo em colapso acelerado. Impulsionados pelo impacto da demo Diary of a Pig e por uma já considerável rodagem em palco, os Ideal Victim apresentam agora Rage Letters, um disco de estreia que espelha a evolução da banda num conjunto de seis temas breves, mas nos quais nada fica por dizer, nem nada fica por gritar. Com Rage Letters, os Ideal Victim lançam-nos um convite à insubmissão – e não temos como não o aceitar. — Lovers & Lollypops