HYBRIDATION
Olivier de Sagazan (FR)
(Estreia Nacional)
«Je ne suis pas encore sûr des limites auxquelles le corps du moi humain peut s'arrêter«
- Antonin Artaud -
"Ainda não tenho a certeza dos limites a partir dos quais o corpo do ser humano pára de funcionar."
- Antonin Artaud -
Dois personagens esculpem barro nas suas cabeças, enterram-se no material, anulam a sua identidade e tornam-se obras vivas, transmutando-se com o corpo do outro, criando um diálogo, uma fusão, uma rivalidade e um amor. Oscilam entre marionetista e marioneta, sabendo que a questão da identidade se constrói em relação ao Outro. Mas quando o material os cega, são obrigados a olhar para dentro, para as profundezas do seu Eu. Numa performance fascinante, expressiva e total, mudam de identidade no palco, de homem para animal e de animal para várias criaturas híbridas. Perfuram, apagam e desvendam as camadas do seu rosto numa busca frenética e desinibida. Pintar e esculpir-se torna-se uma forma de ritual posicionada entre a dança e o transe, onde a improvisação é a componente matricial.
Olivier de Sagazan apresentou Transfiguration no fimp em 2020. Segundo o artista, aquela foi a primeira vez que estaria a atuar desde o início da pandemia e das restrições impostas. Regressar agora ao trabalho deste artista, particularmente com esta peça em duo, com a sua plasticidade poderosa e perturbadora, é também, mesmo sem querermos, olhar para o mundo e para as impiedosas inquietações do presente.