EQUILÍBRIO DA CRIAÇÃO | Nogueira da Fonseca
“Quem disse que “a pintura é um estado de alma” tinha profundos
conhecimentos da filosofia da arte”
No âmago da criação reside um equilíbrio silencioso.
Entre a audácia de inventar e a humildade de escutar,
entre a força do gesto e a subtileza do vazio,
encontra-se a essência do que chamamos arte.
Criar não é impor, mas revelar.
Criar é ouvir o silêncio até que ele se transforme em canto.
É percorrer as sombras até que elas desenhem a luz.
O artista é como um equilibrista,
dançando numa corda invisível entre o caos e a ordem,
consciente de que o desequilíbrio também faz parte da dança.
Existe uma sabedoria na paciência:
no ato de permitir que o tempo respire dentro da obra,
na aceitação de que aquilo que criamos
nunca nos pertence verdadeiramente
A criação é um espelho do universo
Onde o artista é apenas um ponto de passagem
Não criamos para dominar,
mas para recordar que somos parte —
parte de um ritmo antigo, intemporal,
que não pertence a ninguém, mas a tudo.
Assim é o artista:
um mediador entre o silêncio e o som,
entre o visível e o etéreo,
um mensageiro que, ao criar,
se equilibra no fio ténue da própria existência.