Nos Açores, biólogas marinhas deitam-se de barriga no chão, torcendo-se e contorcendo-se para enfiar os braços profundamente na terra, tentando crescer mais um centímetro para extrair aves marinhas, os cagarros, das suas tocas profundas. As aves jovens passam os primeiros meses nestas tocas escuras, sem terem desenvolvido totalmente a sua visão. Quando os jovens cagarros voam pela primeira vez, dirigem-se para o mar, mas as luzes artificiais desorientam-nos. Voam em direção às cidades, à luz, acabando por chocar contra obstáculos. Entretanto, em Lisboa, ouvimos as vozes de três mulheres a descrever os movimentos das aves e das biólogas, cada uma explorando os contornos da comunicação: uma debate-se com uma nova língua, enquanto a segunda vasculha a sua memória para traduzir os movimentos em palavras para a terceira, que preenche a ausência de imagens com descrições e sons.

Fragmentos de sons, filmes e conversas são entrelaçados através da narrativa de Ellie Ga, contada ao vivo, pela artista, numa mistura de inglês e português, com legendas em português.