Entre 1961 e 1974, cerca de um milhão de homens partiram para combater em Angola, Guiné e Moçambique. Nesse tempo, também Miragaia foi à guerra. Houve jovens que partiram para África, pais que ficaram, moças que se fizeram madrinhas de guerra, há os que voltaram e os que por lá ficaram. Da guerra sobraram fotografias e memórias de um tempo que permanece guardado nos arquivos pessoais de quem o viveu. Este Miragaia foi à guerra parte do encontro com gentes que habitam ou que outrora habitaram Miragaia e com as suas coleções fotográficas, revelando as muitas maneiras através das quais as estórias das suas vidas se cruzaram com a história recente da cidade, do país e do mundo.

Miragaia foi à guerra é um projeto de residência, integrado no Cultura em Expansão e desenvolvido pela antropóloga Maria José Lobo Antunes. Depois de um primeiro momento público, em 2023, no qual ouvimos na primeira pessoa algumas histórias guardadas por décadas, o projeto chega agora ao fim, com o lançamento do Caderno: Miragaia foi à guerra e a estreia de Memoratório… Miragaia foi à guerra, um conjunto de “photo-conversas”, a partir dos espólios fotográficos e fílmicos daqueles que se juntaram a nós ao longo destes dois intensos anos.