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Enquadrada na celebração do 5º centenário do nascimento de Luís de Camões, a exposição Re-Camões complementa um ciclo de cinema apresentando no foyer do Auditório da Casa do Cinema uma seleção de publicações, livros de artista e obras pertencentes à Coleção de Serralves, em diálogo com documentos do Arquivo Manoel de Oliveira.
Desde a edição de Os Lusíadas, poema épico que canta as glórias do destino “pátrio”, muitos foram os aproveitamentos político-propagandísticos da obra e da figura de Camões, mas muitos foram, também, os artistas contemporâneos que se inspiraram neste ícone nacional para produzir releituras críticas da sua poética, questionar o presente e desmontar contradições do imaginário lusitano.
Disso são exemplo os filmes “Non” ou a Vã Glória de Mandar (1990) e O Velho do Restelo (2014), de Manoel de Oliveira, ou as citações iconoclastas da lírica de Camões no cinema de João César Monteiro, mas igualmente o trabalho de artistas como Lourdes Castro, bem como de alguns dos protagonistas da Poesia Experimental portuguesa, nomeadamente, de Ernesto M. de Melo e Castro (a quem é repescado o título deste ciclo e exposição), Ana Hatherly, Álvaro Neto e Fernando Aguiar que, desde a década de 1960, não se cansaram de revisitar a obra do ilustre antepassado, sublinhando a sua inventividade poética e promovendo o seu potencial subversivo. Não por acaso, os ditos “Disparates da Índia”, atribuídos a Camões, integram, aliás, o 1º caderno antológico da poesia experimental, organizado por António Aragão e Herberto Helder em 1964 (ou seja, em plena Guerra Colonial...). Noutros termos teremos de olhar para o modo como, na mesma altura, Amália Rodrigues canta Camões, propondo uma ousada fusão entre fado e poesia erudita que não deixaria, à época, de gerar controvérsia; ou, mais recentemente, para algum do neonacionalismo pop que, como é o caso dos Heróis do Mar, marcou o panorama da música moderna em Portugal.
Esta breve panorâmica – ciclo de cinema, conversas e exposição – não pretende senão dar uma amostra da multiplicidade de apropriações de que a figura e a obra de Camões têm sido objeto, procurando igualmente antecipar e discutir os usos que o futuro porventura lhe dará.
* Esta exposição é acessível sempre que decorram atividades no Auditório da Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
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Enquadrada na celebração do 5º centenário do nascimento de Luís de Camões, a exposição Re-Camões complementa um ciclo de cinema apresentando no foyer do Auditório da Casa do Cinema uma seleção de publicações, livros de artista e obras pertencentes à Coleção de Serralves, em diálogo com documentos do Arquivo Manoel de Oliveira.
Desde a edição de Os Lusíadas, poema épico que canta as glórias do destino “pátrio”, muitos foram os aproveitamentos político-propagandísticos da obra e da figura de Camões, mas muitos foram, também, os artistas contemporâneos que se inspiraram neste ícone nacional para produzir releituras críticas da sua poética, questionar o presente e desmontar contradições do imaginário lusitano.
Disso são exemplo os filmes “Non” ou a Vã Glória de Mandar (1990) e O Velho do Restelo (2014), de Manoel de Oliveira, ou as citações iconoclastas da lírica de Camões no cinema de João César Monteiro, mas igualmente o trabalho de artistas como Lourdes Castro, bem como de alguns dos protagonistas da Poesia Experimental portuguesa, nomeadamente, de Ernesto M. de Melo e Castro (a quem é repescado o título deste ciclo e exposição), Ana Hatherly, Álvaro Neto e Fernando Aguiar que, desde a década de 1960, não se cansaram de revisitar a obra do ilustre antepassado, sublinhando a sua inventividade poética e promovendo o seu potencial subversivo. Não por acaso, os ditos “Disparates da Índia”, atribuídos a Camões, integram, aliás, o 1º caderno antológico da poesia experimental, organizado por António Aragão e Herberto Helder em 1964 (ou seja, em plena Guerra Colonial...). Noutros termos teremos de olhar para o modo como, na mesma altura, Amália Rodrigues canta Camões, propondo uma ousada fusão entre fado e poesia erudita que não deixaria, à época, de gerar controvérsia; ou, mais recentemente, para algum do neonacionalismo pop que, como é o caso dos Heróis do Mar, marcou o panorama da música moderna em Portugal.
Esta breve panorâmica – ciclo de cinema, conversas e exposição – não pretende senão dar uma amostra da multiplicidade de apropriações de que a figura e a obra de Camões têm sido objeto, procurando igualmente antecipar e discutir os usos que o futuro porventura lhe dará.
* Esta exposição é acessível sempre que decorram atividades no Auditório da Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
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